*por Marcela Fujiy
Se tem uma coisa que me deixa muito irritada são palavras que tem um significado muito importante para a sociedade e que caem no modismo de um abismo sem sentido.
Propósito, mindset, mentoria, sororidade. A lista é grande. E a pandemia nos trouxe dentre elas novo-normal e empatia. Palavras que despertam até um certo desprezo de tanto que se usa.
Mas eu pergunto: em um cenário onde a rotina de todos mudou 100% e as mulheres ainda são as maiores impactadas, empatia e sororidade para quem?
De acordo com o IBGE as mulheres realizam 21,4 horas de trabalho domestico semanal enquanto os homens acumulam 11. Junte a isso a orientação das aulas remotas que recaem sobre as mães e toda cobrança dos gestores que deduzem que por estarem em casa elas têm que estar disponíveis — o tempo todo, todo o tempo.
Além disso, diante a pandemia, muitas pessoas tiveram suas jornadas reduzidas, no papel — mas na prática isso significa, aumento de trabalho e salário reduzido, e um ‘Amém Aleluia’ por não ser demitido.
Lendo o artigo da Simone Gasperin Farneda sobre pessoas trabalhando de casa, me dou conta o quanto a inovação de verdade ainda não chegou para a maioria das empresas.
Sempre que falo de equipes autônomas e autogestão falo também de Cultura Organizacional e a cultura da sua empresa vai ser o que você é. Se para você o importante é que o seu colaborador sente as 8h da manhã e levante as 17h, é isso o que ele vai priorizar. Custe o que custar.
Se você é um gestor cobrando de seus colaboradores e usa #empatia em seus posts, rodas de conversas corporativas, e-mails de equipe, eu te pergunto: EMPATIA para quem?
Se você é uma mulher cobrando de outra mulher e usa #sororidade em seus posts, rodas de conversas corporativas, e-mails de equipe, eu te pergunto: SORORIDADE para quem?
O custo dessa cobrança da invasão emocional, partindo da premissa que as principalmente as mulheres estão sempre a disposição tem um impacto infinitamente maior nas mulheres e nos seus empreendimentos.
Uma pesquisa divulgada pelo Sebrae/SC mostra que os negócios liderados por mulheres estão sendo mais impactados com a crise do novo coronavírus. De acordo com o estudo, 52% dos negócios tocados por elas foram afetados “temporariamente” ou “de vez” pela pandemia, contra 47% das empresas tocadas por homens. O levantamento mostrou ainda a dificuldade que elas têm no acesso ao crédito. Entre as donas das empresas entrevistadas, 44% afirmaram que jamais buscaram empréstimo em bancos, contra 38% dos homens. Desde o início da pandemia, apenas 34% das mulheres buscaram financiamento, contra 41% dos homens. A intenção de pedir socorro aos bancos durante a crise também é menor entre elas, 54% contra 64% dos homens.
Por isso, ao banalizar uma palavra tão importante como EMPATIA ou SORORIDADE, apenas pelo apelo emocional que ela representa, pense novamente.
Empatia, Sororidade e Coletividade são tão importantes para o nosso futuro quanto a tecnologia. Sozinhos não chegamos a lugar nenhum. Certamente não o faremos dizendo uma coisa e fazendo outra.
*Desenvolvedora de negócios e aceleradora de mulheres. Fundadora da Be.Labs Aceleradora.
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