Por Marcela Fujiy*
Qual o valor do preconceito? Essa é a pergunta que o ministro Paulo Guedes deveria responder. Em meio a mais um exemplo de profundo desconhecimento da realidade social no Brasil, o ministro expõe todos os seus preconceitos, quando para tratar da alta do dólar, alega que o baixo valor verificado em governos passados proporcionava que “até” empregadas domésticas fizessem turismo na Disney.
De uma só vez, Paulo Guedes enfatiza a sua percepção de que o mundo liberal que ele defende não pode ser acessível a todos, que a função da empregada doméstica seria indigna e, por consequente, a mulher é tratada como ocupante de espaços menores no mercado de trabalho.
Diante de comparações tão esdrúxulas para justificar os rumos que a economia brasileira vem tomando, onde as classes médias e baixas cada vez têm menos acesso a serviços e ao consumo de bens, fica claro que o ministro não percebe que o maior custo gerado pela alta do dólar é o aumento da desigualdade. Porém, a forma preconceituosa que enxerga os pobres e, destacadamente, a empregada doméstica 一 na sua maioria mulheres e negras 一, não lhe permite perceber que a economia pautada na exclusão de parte da sociedade não cabe mais num mundo em que a diversidade e a inclusão são metas necessárias para a humanidade.
São por exemplos como esse do ministro que reafirmamos a nossa certeza de que a mobilidade de classe demanda um trabalho intenso para capacitar e gerar oportunidades aos que se encontram em situação de vulnerabilidade. Nesse contexto, a mulher continua sendo o nosso público prioritário, visto que, carrega o ônus de viver numa sociedade desigual e de hegemonia machista.
Promover a capacitação, a aceleração de mulheres, e a geração de independência pela capacidade de trabalhar e empreender assusta figuras como o ministro Paulo Guedes, porque representa romper com essa percepção elitista de que para os mais ricos continuarem a sempre ganhar mais é preciso que exista uma parcela de excluídos que proporcione fechar a conta da desigualdade.
Embora estejamos diante de um ministro liberal capitalista, ele deixa claro que a máxima de Maquiavel, “os preconceitos têm mais raízes do que os princípios”, se fortalece nas suas palavras, quando adota uma política de exclusão, estabelece quem deve ter acesso ao consumo e se pauta no preconceito como balizador da política econômica.
Como empreendedora e aceleradora de mulheres, o incômodo gerado pelas palavras de Paulo Guedes soa como a reafirmação dos objetivos que traçamos quando nos propusemos a trabalhar para emancipar mulheres e construir a dignidade pela inclusão e a capacidade de romper paradigmas. No que depender da gente, a conta do dólar alto não será obstáculo para que empregadas domésticas tenham acesso ao mundo, quebrando as barreiras impostas pela exploração e o preconceito, e assim possam desenvolver suas aptidões e contribuir para uma economia abundante.
*Consultora e aceleradora de mulheres, co-fundadora da Be.Labs Aceleradora de Mulheres
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