Miramos e acertamos
Vidas ceifadas impunemente, a triste história dos alvos pretos
Uma bala perdida leva mais uma vida.
Preta, pobre e grávida.
Toda semana é uma. E as balas perdidas nunca têm um fim.
Um ano atrás vimos uma enxurrada de post pretos, engajados fervorosamente no #vidasnegrasimportam e nada passou de mais um ativismo da internet. O risco de isso se repetir, por conta desse crime recorrente, é imenso.
Tudo é banalizado aqui nesse país.
A contabilização de 3000 mortes diárias por uma pandemia mundial. Tudo isso podia ser evitado. Mas as festas, o lazer e o negacionismo assolam a nossa sociedade. Para que mesmo evitar?
A miséria retorna com força. Os sinais abarrotados de pedintes viraram paisagem, na verdade sempre foram.
O trabalho individual em uma sociedade tão desigual não dá conta desse abismo no qual nos encontramos. Não há luz no fim do túnel.
Eu acordo todos os dias e me pergunto se o que eu faço faz alguma diferença na vida dessas pessoas. Especificamente: pretas, pobres, mulher e minorizadas.
A resposta varia mesmo eu tendo o compromisso de ser o mesmo um diferencial nas minhas empresas, e acima de tudo como eu tento me fazer valer como exemplo, ainda que eu seja falível. Varia muito de acordo com o sentimento de impotência que me habita naquele dia. Mas, invariavelmente, meu nível de criticidade é alto, e a resposta é sempre sim, eu me esforço imensamente para fazer a diferença.
E é assim que meu túnel volta a se iluminar. Uma luz fraquinha que vai se fortalecendo ao longo do dia.
Hoje, essa luz se apagou completamente ao saber da morte de Kathlen Romeu, 24 anos, grávida, no Rio de Janeiro, por uma bala perdida.
Eu penso em mais uma família destruída, na dor e, principalmente, na injustiça desse acontecimento.
Escrevo esse texto em forma de desabafo. E volto a trabalhar com a mesma pergunta com a qual eu desperto todos os dias: o que posso fazer para diminuir a desigualdade no mundo?
Tomo um gole do meu café, penso novamente na família de Kathlen e em todas as famílias que perderam um ente querido por conta da desigualdade e constato que, se conseguíssemos enxergar realidades sob a lente da empatia, o verdadeiro sentido da empatia, as balas perdidas não seriam tão perdidas assim. Não podemos evitar os disparos, há quem aposte neles como solução e têm os alvos previamente estabelecido, mas eu prefiro acreditar na solução e, sobretudo, na superação.
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