Ontem, conversando com uma amiga sobre todo o caos que o #covid19 nos trouxe, senti na pele a desigualdade do nosso país.

Não que nunca tenha me dado conta, me sensibilizado e trabalhado ativamente contra esse mal da humanidade que é a desigualdade. A Be.Labs Aceleradora é resultado disso. Mas sentir na pele, ser aquele que a desigualdade afeta, são outros quinhentos, como diria meu avô.

Ao ligar para uma amiga querida, que é funcionária pública de alto escalão, e desabafar sobre tudo o que está acontecendo e o que estou lidando como empresária do ramo de chocolates com um completo _lockdown_ – um protocolo extremo de contenção que reduz a praticamente zero a movimentação da economia – às vésperas da Páscoa, me dou conta de quão desigual são nossas situações. Ela e todos os que participam do funcionalismo estão com sua da renda GARANTIDA. Enquanto milhões de brasileiros perdem 100% de sua renda.

Não falo de funcionário público com uma renda média. Falo de deputados, senadores, juízes, promotores, procuradores.

Eles não farão parte do sacrifício em nome dos cidadãos a quem servem? É claro que não. Em uma sociedade aonde a escassez é estimulada, abundância para quê?

O sistema que maltrata o mais pobre quebra também o médio na emenda.

A maior mentira que se propaga nessa pandemia é a de que estamos no mesmo barco. Não, não estamos.

Quem tem uma renda garantida não está nesse barco. Quem tem renda garantida apenas mudou fisicamente o local de trabalho. Quando esse caos acabar, vão sair de casa e dizer: “Ufa, acabou! Posso voltar a trabalhar no conforto do meu gabinete”. Sem problemas financeiros, sem dívidas e, tomara, que com saúde.

Tudo isso às custas de nós, brasileiros.

Um corte de 20% revertido para a renda pública universal seria algo a se pensar.

Vinte por cento da renda do funcionalismo de alto escalão iria contribuir para o ciclo da abundância onde quanto mais compartilhamos, mais a roda gira.

Mas para que, quando nosso governo prontamente já ofereceu R$ 200 como solução, não é mesmo?