Head de Negócios da No One – Consultoria de Design Estratégico, Simone Gasperin é uma gestora que conhece bem e pratica, já de algum tempo, o trabalho remoto. Foi junto à equipe da Aeroli.to, um laboratório de exploração de cenários futuros, da qual foi sócia, que ela consagrou o home office como uma condição perene desde 2019. Ex-sócia dessa scale up, que manteve por pouco tempo uma sede física em Porto Alegre (RS), Simone vem mergulhando em temas como Segurança Psicológica, Trabalho Remoto e Novos Paradigmas nas Organizações. Formada em comunicação, pós-graduada em marketing, casada e mãe de um guri de 4 anos, ela é também professora da ESPM e graduanda em psicologia.
“Venho trabalhando em casa há quase dois anos, e tenho aprendido muito com isso. Tenho a sorte de ter um marido que me ajuda a cuidar da casa e do meu filho. Isso deveria ser natural, mas infelizmente é exceção, mesmo agora na pandemia”, conta Simone, que nesta última quarta-feira (23/02), conversou em uma live com as fundadoras da BeLabs.
Vale lembrar ainda, ressalta, que esse enclausuramento por conta da Covid-19, tem impactos enormes na saúde mental. Segundo ela, fora estarmos enfrentando uma segunda onda do vírus, teremos agora uma terceira onda de impacto por questões socioeconômicas e uma quarta motivada por questões de comprometimentos emocionais, como depressão, ansiedade, entre outras doenças, para as quais todos nós teremos de olhar, inclusive as empresas.
Vale destacar também que há um perigo de burnout, induzido muito por conta do excesso de reuniões via plataformas digitais. E, como revela o último relatório da organização Think Olga, uma crise serve para um país olhar suas fragilidades e desigualdades, sobretudo entre as mulheres.
As mulheres ainda têm de enfrentar três fatores fundamentais nesse momento: a pressão do trabalho, da reorganização do lar como território produtivo, e o cuidado dos filhos e da família. Isso, para ela, é uma sobrecarga, que traz consigo várias cobranças, inclusive, por ferramentas de comunicação sem limites.
“Viramos escravos de WhatsApp e de diversas ferramentas tecnológicas de trabalho que, mal utilizadas, nos aprisionam, em vez de libertar. É um gatilho gigante de ansiedade, as pessoas mandam mensagens a qualquer hora e esperam por respostas imediatas, uma cobrança escancarada. Isso é muito desrespeitoso”.
Por isso, diz Simone, na No One, há um cuidado na relação com as pessoas que ali trabalham. Por essa razão, diz, “optamos por formatos assíncronos – quando não é necessário que as pessoas estejam conectadas ao mesmo tempo para que as tarefas sejam concluídas -, onde tudo é registrado e não precisamos ficar acessando ninguém para continuar algo”.
Então, além da autorresponsabilidade, o home office requer uma autonomia gigante. “Precisamos treinar as pessoas, orientá-las, tem a tal régua da autoridade. Os gestores têm essa função estratégica, aprendi isso num curso chamado Like a Boss, com a Laura Chiavone. Tem muitas referências boas para instaurar essa prática adequadamente”.
“As mulheres, em especial as mães, aprendem muito rapidamente a fazer a gestão do seu tempo”, lembra, combinando diversas tarefas simultâneas. E adverte que não devemos dizer que elas têm síndrome de impostora ou duvidar de suas habilidades”. A gestora da No One fez referência ao artigo da Harvard Business Review que trata do tema, sugerindo que essa síndrome é um diagnóstico frequentemente dado às mulheres. Mas, segundo o texto, o fato de ser considerado um diagnóstico é problemático. A resposta para superar a síndrome do impostora, de acordo com a publicação norte-americana, não é consertar os indivíduos, mas criar um ambiente que promova uma série de estilos de liderança diferentes e onde a diversidade de identidades raciais, étnicas e de gênero seja vista tão profissional quanto o modelo atual.
Simone recomenda sempre levarmos em conta o contexto. “A síndrome de impostora é uma questão estrutural”. Por fim, dá algumas dicas como estabelecer a comunicação adequada como ponto central das relações de trabalho, confiar nas pessoas e delegar, fazer gestão de entregas, alimentar a autonomia, incluir e dar voz de forma distribuída, não invadir o espaço emocional das pessoas, não partir da premissa de que as pessoas estão disponíveis, evoluir em relação ao trabalho assíncrono, e cuidar muito das pessoas. “É sempre delas que se trata”, finalizou.
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